Imagine a seguinte situação hipotética: você foi encarregado(a) de entrevistar o professor Dermeval Saviani, uma das maiores autoridades em educação no Brasil, a respeito de suas ideias sobre as relações entre trabalho e educação e, além disso, entre esses e a educação profissional no Brasil.
Para dar conta dessa atribuição, você vai buscar no artigo “Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos”, de autoria do educador, informações necessárias para lhe fazer perguntas que articulem as ideias apresentadas no artigo e os conhecimentos construídos nesta semana 2 de estudos. Como se trata de uma entrevista simulada, você mesmo(a) irá propor uma possibilidade plausível de resposta, construída com base nas informações e discussões apresentadas na apostila (e/ou em outras fontes que você julgar necessárias/pertinentes).
Para facilitar seu trabalho, propõe-se, a seguir, a primeira pergunta e sua respectiva resposta. Sua tarefa será elaborar mais duas perguntas e as respectivas respostas.
Nome do(a) entrevistador(a): O senhor afirma que a histórica divisão dos homens em classes provoca, também, uma divisão na educação. Quais os principais efeitos dessa fragmentação na constituição de políticas públicas para a educação profissional no Brasil?
Dermeval Saviani: Começo dizendo que as consequências dessa divisão para as políticas públicas educacionais brasileiras são facilmente inferíveis. Ora, essa constituição separatista de classes, desde já, possibilita uma cisão no sistema educacional que tem sua origem no escravismo antigo, em que passamos a ter duas modalidades distintas e separadas de educação: uma para a classe identificada como a dos homens livres (a classe proprietária) e outra para a classe identificada como a dos escravos e serviçais (a classe dos não proprietários). Isso resulta, evidentemente, em representações que perduram até hoje e refletem em um sistema educacional de caráter quase sempre dualista, que distingue entre os que detêm o saber (ensino propedêutico básico e superior) e os que executam trabalhos manuais (ensino profissional). Nessa visão dualista, o primeiro é destinado à elite e o segundo, às classes populares. Trata-se mesmo de um viés muito antigo na estruturação do sistema educacional brasileiro, reflexo da herança dualista de um ensino secundário e normal para formar as elites condutoras do País e um ensino profissional para formação dos filhos dos operários, dos desafortunados, dos chamados desvalidados da sorte, que precisam ingressar precocemente na força de trabalho.
Obs.: coloque seu nome e envie em .pdf