Percebo a importância do ensino inclusivo desde a época em que era aluna do ensino fundamental. Estudei em uma escola em Belo Horizonte que tinha um projeto pedagógico que, hoje enquanto professora, vejo que de fato era muito comprometido com uma verdadeira inclusão. Durante o meu ensino fundamental uma aluna portadora de Síndrome de Down foi da minha turma, ela era uma dentre uns 4 estudantes da escola que possuíam alguma necessidade de ensino especial. Ela possuía atividades próprias para estimular o seu desenvolvimento, mas realizava sempre em conjunto da turma. Hoje vejo também como foi importante para toda a turma essa convivência e amizade que se construiu ao longo dos anos, tanto para ela quanto para os demais alunos.
Hoje, enquanto professora de Química, atuo basicamente em pré-vestibulares. Nesse sentido, uma experiência que contribuiu para a minha percepção da necessidade de um ensino inclusivo foi quando fui professora da Erli, uma senhora de 53 anos que sonhava em cursar pedagogia. A turma era composta majoritariamente por estudantes que tinham acabado de terminar o ensino médio e ela era a única adulta, sendo um contexto no qual ela relatou que parou de estudar ainda quando adolescente por precisar trabalhar e nunca tinha tido a oportunidade de avançar nos estudos. E o sonho e dedicação da Erli, sempre sentando na frente e tirando suas dúvidas (uma das melhores alunas!), me fazia ter o desejo de cada vez mais ensinar de uma maneira que fizesse com que o conteúdo químico se aproximasse da realidade dela, em especial quando envolvia matemática (maior dificuldade de grande parte dos alunos). E percebo o quanto foi importante para os demais alunos também, que sempre se dedicavam em ajudá-la e em se comportar sem nenhum etarismo. Infelizmente, no ano seguinte me desliguei desse cursinho e não tive mais contato com a Erli, então não soube se ela conseguiu ser aprovada em alguma faculdade de pedagogia.
A disciplina Educação Inclusiva e Especial foi muito enriquecedora para entender mais sobre as questões sociais e burocráticas que envolvem ser um docente com um real comprometimento com a inclusão. Acredito que um ensino que perpassa pelo acolhimento e por considerar as diversidades é fundamental para uma educação libertadora e que faz a diferença na vida das pessoas.