Uma experiência que me marcou bastante foi no meu primeiro ano lecionando. Tinha pouca experiência em sala de aula, e uma das turmas que lecionei tinha um aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Na época, estávamos saindo da pandemia, os alunos estavam fazendo revezamento, então tínhamos duas turmas: uma do dia ímpar e outra do dia par. Este aluno em questão vinha todos os dias, participava da aula e até fazia algumas perguntas, mas ele não conseguia se enturmar com o pessoal da sala nem desenvolver atividades no caderno. Ele repetia algumas frases do que eu explicava e de outros professores e não gostava do barulho de conversa.
Em uma aula dupla minha, expliquei a matéria e passei algumas atividades. Alguns alunos do fundo começaram a conversar bastante, mas estavam realizando as atividades e falando baixo, então deixei. Nisso, este meu aluno com TEA bateu na mesa e saiu correndo da sala. Na hora, me assustei e fiquei desesperada. Logo, saí para chamar o inspetor e a coordenação. Enquanto isso ocorria, a turma em questão começou a rir do que havia acontecido. Nisso, eu os repreendi e expliquei para a turma que ele era um aluno com necessidades especiais, e que eles deveriam se enturmar e incluí-lo, e não rir de um ataque de estresse que esse aluno em questão teve. Conscientizei-os de que deveriam ajudá-lo e diminuir um pouco a conversa, pois, por mais que não estivesse me atrapalhando, estava atrapalhando o desenvolvimento de um colega. Depois disso, conversei com a outra turma sobre esse aluno, sem a presença dele. Pouco tempo depois, o revezamento acabou e a turma começou a tentar incluir esse aluno.
Tive bastante dificuldade em adaptar algumas atividades e aulas, mas, no fim, tudo deu certo. Ele ainda teve outros ataques, mas a sala e nós professores já conseguíamos lidar e ajudá-lo. Tive outros alunos com TEA e é muito perceptível as diferenças entre eles, e como eu poderia incluí-los em todos os aspectos em minhas aulas. Pensando nisso e na dificuldade de adaptar as aulas e na grande demanda de alunos especiais em nossas salas atualmente, resolvi fazer a pós-graduação em Educação Inclusiva.
Este curso e a disciplina está me ajudando muito a como promover a inclusão em sala de aula e conscientizar os alunos. A educação inclusiva, como aquela que emancipa, transforma, liberta, cria e conduz à justiça e à promoção de condições de igualdade, é essencial para construir uma sociedade mais justa, equitativa e acolhedora, na qual todas as pessoas possam participar plenamente e contribuir de forma significativa.