O filme e a música indicados fazem uma dura crítica à globalização, da forma como ela realmente ocorre, não como os meios de mídia hegemônicos supõem, pois, sempre com um discurso de neutralidade, da informação e fato objetivo, com a suposta defesa da modernização das instituições, as classes dominantes do sistema capitalista impõem suas próprias ideias, incluindo a visão econômica do neoliberalismo como um modelo meritocrático, em que os melhores seriam premiados por seu esforço, uma suposição que não condiz com a perversidade visceral das desigualdades facilmente verificadas na prática.
Essa “globalização colonial” leva de maneira orquestrada sua própria ideologia para os sistemas educacionais mundo afora, com as propostas de privatização a qualquer custo e enxugamento máximo do Estado, contudo, existem várias comprovações de que esse modelo ultraliberal é excludente, privilegiando as classes dominantes em detrimento dos mais pobres, pois, enquanto os ricos poderão colocar seus filhos nas escolas particulares, os alunos pobres irão para as escolas públicas, que estarão sucateadas, com professores desmotivados porque tiveram seus direitos trabalhistas usurpados pelas terceirizações.
De acordo com esse projeto político bem estruturado e profundamente pensado pelos neoliberais, o tipo de escola feita para os alunos pobres, a escola pública, existirá sob fragmentos, da maneira mais precária possível, sua simples existência servirá como álibi para a narrativa de que os direitos estabelecidos pela Constituição estão sendo cumpridos, além disso, nessa escola reinará o projeto de formar alunos para servir o mercado de trabalho, contudo, ninguém poderá refletir sobre que tipo de mercado é esse, apenas aceitar o mundo da competição capitalista e a corrida meritocrática, enquanto isso, os filhos dos ricos poderão usufruir de uma educação holística, preocupada com a cidadania e a complexidade da vida, incrementando sua visão de mundo para que sua própria classe, a dominante, esteja bem formada e preparada para assumir cargos de liderança no futuro.
“Nós não atingimos ainda o patamar de humanidade, estamos ainda nos ensaios do que ela será” (Milton Santos).