Olá,
Conheço pessoas com autismo e pela minha percepção em termos de relacionamento é notável a diversidade das pessoas que estão dentro do espectro autista, sendo que possuem inúmeras variações, independente do nível (seja 1, 2 ou 3) cada pessoa é única, dentro da sua realidade e trazem consigo suas experiências.
Tivemos um estudante com autismo que era extremamente quieto e que não gostava de conversar no inicio, com o tempo foi se soltando mais e foi começando a conversar mais conosco e com outras pessoas dentro de sala (no inicio, tinha apenas uma amiga, com o tempo foi melhorando). Mas, isto é notável que seja função do docente que esteja em sala de aula auxiliar na adaptação desta pessoa da melhor forma possível, evitando o deixar isolado, mas sem forçar também para que “tenha que interagir”, isto foi acontecendo aos poucos e em cerca de 3 meses ele já interagia melhor com o restante da turma.
Temos outro estudante que é comunicativo, além de estudar conosco, faz teatro e música também e conversa com todas as pessoas, além de ser extremamente inteligente, principalmente para as disciplinas que mais gosta (história, por exemplo), é uma pessoa com várias amizades e inclusive tem uma determinada liderança em sala de aula (é representante de turma). Porém, possui ecolalia, em especial a frases que já escutou na televisão ou até mesmo criando frases com base em coisas que foram vistas na televisão/teatro, é notável que esta ecolalia se da com algumas pessoas mais próximas (por exemplo, sempre fala as mesmas frases para determinadas pessoas, como uma espécie de “bom dia”).
No primeiro caso, destaco a importância do papel do docente na facilitação do processo de adaptação em pessoas com espectro autista, sendo que a paciência e o cuidado na abordagem, sem forçar a interação, são cruciais para criar um ambiente inclusivo. No segundo caso, percebemos que o fato do estudante possuir o transtorno do espectro autista não é um impedimento para o desenvolvimento de habilidades sociais significativas.
Em minha opinião, a chave para construir relacionamentos significativos com pessoas no espectro autista está na aceitação da diversidade, na adaptação de abordagens e na valorização das habilidades individuais.
Agradeço pela oportunidade em compartilhar essas experiências e espero que continuemos a promover um ambiente inclusivo e enriquecedor para todas as pessoas.