O título do vídeo e toda a sua construção não negam a importância da administração escolar – tanto que não se abriu mão de termos como “produção de conhecimento” –, mas ele combate o fato de que ela não tenha ao seu lado o elemento pedagógico que lhe é fundamental, bem como a tentativa de equiparar espaços antagônicos, escola versus fábrica/empresa, sob um mesmo objetivo. Isso explica o motivo de a escola ter falhado, durante tanto tempo, e ainda hoje, na formação de sujeitos históricos, socialmente conscientes: a aplicação de princípios e lógicas, de ambientes onde impera a lógica produtivista, do lucro, em condições homogeneizantes, a um contexto implicado pela complexidade e heterogeneidade de indivíduos.
Mas, se a escola (o sistema educacional como um todo) encontra-se inserida na lógica do Modo de Produção Capitalista, a afirmação da professora Lisete Arelaro ainda hoje continua presente nas teorias e práticas escolares, desde o ensino à sua gestão (termo mais atual e que não aparece em nenhum momento ao longo do vídeo). Até porque, conforme vídeo visto em disciplina anterior do curso, a escola não se alterou, ou alterou-se muito pouco, enquanto estrutura e organização, se comparada às fábricas e às salas de cirurgia médica. Ou seja: as práticas da administração fabril estão sendo reproduzidas também no ambiente escolar! E não adianta nada ser um professor a administrar a escola, se o funcionamento maior da estrutura impõe um viés orientado para a lógica capitalista de formação de sujeitos que sejam apenas produtivos economicamente.
Mas não quer dizer que essa lógica não esteja sendo combatida. É nesse sentido que o vídeo, mesmo apresentando ideias de que na escola não cabe a lógica acima pontuada, não a supera por ainda falar em administração – óbvio, não esqueçamos que o conteúdo deste alinha-se a um contexto histórico-social específico e o que veicula já é de um grande avanço, por fundamentar-se no pensamento dialético. Daí a importância do texto de Duarte (2020), que reconhece que um dos atos principais que denotam a mudança de posicionamento quanto a essa problemática é mudança do termo administração por gestão escolar. A gestão escolar, na forma de pensar a escola atualmente, combate as diretrizes do sistema capitalista, porque se propõe democrática, com a participação de todos que dela fazem parte. Entretanto, ainda se enfrentam muitas dificuldades, pois a estrutura do ensino (mesmo com tantos planos e políticas de inserção e equiparação sociais) ainda segue uma lógica produtivista, amparada em números e estatísticas. Se os números são altos, a "produção" do conhecimento segue adequada aos parâmetros - mesmo que seja algo mais quantitativo que qualitativo.