Sim, é possível afirmar que as práticas da administração fabril estão sendo reproduzidas no ambiente escolar. Dentro de uma sociedade capitalista, a lógica de produção, eficiência e competitividade acaba sendo incorporada em diversas esferas, inclusive na educação.
Uma das principais características da administração fabril é a divisão do trabalho, em que cada indivíduo desempenha uma tarefa específica, buscando a especialização e a padronização. No contexto escolar, isso é perceptível na fragmentação do conhecimento em disciplinas, em que cada professor é responsável por uma área específica. Essa divisão do trabalho pode limitar o entendimento dos alunos sobre a interdisciplinaridade dos conteúdos e dificultar uma visão mais ampla e integrada do conhecimento.
Além disso, outra prática reproduzida é a hierarquia presente na administração fabril. Nas escolas, existe a figura do diretor, que detém o poder de tomar decisões e estabelecer regras, muitas vezes sem dar espaço para a participação dos demais atores da comunidade escolar, como professores, estudantes e pais. Essa forma autoritária de gestão contribui para a desvalorização da autonomia dos indivíduos, impedindo que eles tenham voz ativa no processo educacional.
Outro aspecto é a ênfase na padronização e nos resultados quantificáveis, presentes na administração fabril. No ambiente escolar, isso se manifesta através da ênfase em provas e avaliações padronizadas, que muitas vezes não conseguem medir de forma adequada o real aprendizado dos alunos. Essa prática leva a uma educação focada apenas em resultados, desconsiderando a importância do desenvolvimento integral e individual de cada estudante.
Por fim, a competição é uma característica intrínseca da sociedade capitalista e também se reproduz no ambiente escolar. A busca por notas altas, diplomas e reconhecimento acaba gerando um clima de competição entre os alunos, gerando muitas vezes ansiedade, estresse e uma visão limitada do que é o sucesso educacional.
Portanto, é fundamental refletir sobre as práticas da administração fabril que estão sendo reproduzidas no ambiente escolar. É necessário buscar alternativas que valorizem a autonomia, a interdisciplinaridade e o desenvolvimento integral dos estudantes, promovendo uma educação mais humanizada e menos voltada apenas para os aspectos produtivos e competitivos da vida em sociedade.
Achando-se imersas em uma sociedade capitalista, as práticas da administração fabril estão sendo reproduzidas também no ambiente escolar?
por Edival Jeronimo Portela Neto - Número de respostas: 2
Em resposta à Edival Jeronimo Portela Neto
Re: Achando-se imersas em uma sociedade capitalista, as práticas da administração fabril estão sendo reproduzidas também no ambiente escolar?
por Cícera Ericênia Alves Pereira -Olá, Edival! Parabéns pelas suas reflexões, são muito oportunas. Embora atualmente não atue como professora, anteriormente já trabalhei em escola pública e privada e, pegando o gancho do seu ponto quanto à competição (técnica administração fabril que se reproduz na escola), principalmente na escola privada a competição chega ser incitada pelos gestores/proprietários da escola. Por exemplo, o professor é bom se recebe muitos elogios dos pais dos alunos - e, consequentemente, se os filhos tiram boas notas.
Em resposta à Edival Jeronimo Portela Neto
Re: Achando-se imersas em uma sociedade capitalista, as práticas da administração fabril estão sendo reproduzidas também no ambiente escolar?
por Patrick Osorio de Melo dos Santos -Edival concordo com você. A administração fabril se reproduz nas escolas. E os seus argumentos trouxeram perspectivas novas para mim. Por exemplo eu ainda não havia pensado sobre como a divisão dos conteúdos em disciplinas segue a lógica da divisão e especialização do trabalho.