Aos professores Formador e Tutor, bem como aos demais colegas, faço votos de que tenham uma excelente semana.
Quanto ao conteúdo da Semana 2, de acordo com as orientações da apostila, após a leitura do primeiro artigo (texto publicado no boletim "Aprendizagem em Foco"), nos colocamos diante de uma questão: por que o Brasil é mais um daqueles países interessados nas práticas educacionais bem-sucedidas no exterior? Convenhamos de que somos "um país que importa metodologias educacionais". Mas, até que ponto essas experiências podem contribuir com o nosso modelo de ensino atualmente vigente?
Como dissemos na atividade da semana passada, os desafios da escola não serão resolvidos com a importação de modelos e/ou projetos bem-sucedidos, como se costuma fazer com a experiência de outros países, até porque a nossa peculiar realidade enquanto “país em desenvolvimento” não admite propostas que não estejam adequadas com as mais prementes necessidades do nosso povo.
Foi justamente para contribuir com esse debate que o Instituto Unibanco convidou especialistas da Finlândia, Alemanha e Canadá (três das maiores potências educacionais do mundo) para debater quais seriam os melhores caminhos para a melhoria do nosso Ensino Médio. A experiência desses países poderia contribuir significativamente com uma proposta de reformulação do sistema de ensino brasileiro.
Como aponta o texto, essa participação consistia na apresentação de vários modelos de ensino, praticados pelos respectivos países, no seminário "Desafios Curriculares do Ensino Médio". Também foram analisadas as experiências bem-sucedidas da Austrália e da Suíça, outros países que detém grande destaque internacional em termos de qualidade com a educação.
Ademais, o artigo mostra que não há uma solução ideal, uma fórmula perfeita para resolver todos os problemas do ensino, até porque a estrutura curricular dessa etapa depende de fatores culturais, históricos e sociais e muitas vezes é difícil compreender isso a partir da análise de contextos isolados.
Já no segundo texto, um dossiê sobre “Educação e democracia: BNCC e o NEM sob a ótica das entidades acadêmicas da área educacional” expõe quais os interesses envolvidos nas duas legislações que visam alterar as bases da educação brasileira. Os autores identificaram três pontos que fragilizam o direito à educação: (i) a noção de democracia; (ii) o direito à educação e ao conhecimento mais amplo e iii) privatização da educação.
Em suma, discordamos veementemente da proposta original de reforma do ensino médio, o chamado “novo ensino médio” (NEM), pois, em total concordância com os autores do texto, tal proposta “atende a funções utilitaristas, como a formação para um possível mercado de trabalho, subsumindo sobretudo a função de formação para a cidadania [...]” (SILVA; COSTA, p. 8). Os autores esclarecem, ainda, que a educação não é neutra e por isso está sempre envolvida em disputas, cabendo às instituições acadêmicas defenderem o direito à educação e lutar contra projetos que visam apenas a privatização do sistema de ensino.
Dito isto, as várias posições trazidas pelo texto consistem numa defesa do direito à educação a partir de uma análise crítica das posições de três entidades representativas na área de educação (ABdC, ANPed e Anfope), as quais se posicionam a favor de medidas que possam barrar projetos que fragilizem o direito à educação, buscando compreender como essas instituições tem trabalhado para combater os avanços do conservadorismo sobre a educação desde a ruptura política de 2016, cujas medidas adotadas desde então apontam para uma privatização da educação brasileira.