Prezada Amanda, excelentes ponderações!
Deve existir uma base curricular comum? Sim! Essa base comum deve ser tão extensa? Não! Deve ser tão centralizadora? Menos ainda!
Naturalmente, a padronização deve existir em algum nível, tendo em vista que a educação básica visa à formação de alunos para a vida cidadã, profissional e até mesmo acadêmica. Portanto, há que existir uma base sobre a qual se erguerão e se diferenciarão os mais diferentes caminhos ao término da educação básica.
Entretanto, não se pode imaginar abstratamente uma base curricular que abranja todas as necessidades da educação, sem considerar que essas necessidades variam por regiões e mesmo localidades.
A diversidade do Brasil é tamanha que, com uma base comum tão extensa, não sobra tempo para que as especificidades sejam tratadas com o vagar e a atenção que merecem. Não há, nos dias letivos, tempo bastante para se atentar aos dois domínios, o comum e o específico. Disso decorrem distorções como essas que você bem mencionou.
No Brasil, até a EJA postula abordagem distinta e não pode ser equalizada em único documento. A educação do adulto da capital paulista não pode ser exatamente igual à do adulto interiorano do Amazonas, de Goiás ou do Rio Grande do Norte, tal como nos revelou a experiências de Angicos (1963).
Pensar o Brasil e a educação brasileira importa, sobretudo, em valorizar as potencialidades naturais de cada região, as vocações de desenvolvimento os desafios locais, o que torna necessário que haja um espaço maior para o ensino descentralizado e específico.
Este, naturalmente, é apenas um dos grandes desafios da educação no país.