Olá,
O TDAH atinge cerca de 3 a 7% das crianças em idade escolar ao redor do mundo e não possui apenas um tipo, podendo ser realizado o diagnóstico em três tipos, de acordo com o DSM (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais):
- - TDAH com predomínio de sintomas de desatenção - mais frequente no sexo feminino e apresenta uma taxa mais elevada de prejuízo acadêmico.
- - TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade – nesse tipo as crianças são mais agressivas e impulsivas do que as crianças com os outros dois tipos, e tendem a apresentar altas taxas de rejeição pelos colegas e de impopularidade.
- - TDAH combinado - sintomas de conduta, de oposição e de desafio mais acentuados, maior prejuízo no funcionamento global, quando comparado aos dois outros grupos.
Dito isto, estava me lembrando de que já tivemos casos de estudantes com TDAH diagnosticados em salas de aula, e com isto eu comprei um livro que se chama “Dificuldades Especificas de Aprendizagem” da autora Diana Hudson, que recomendo a todas as pessoas, para que tenham uma ideia de como podem trabalhar com pessoas que possuem alguma dificuldade de aprendizagem (dislexia, discalculia, disgrafia, dispraxia, TEA, TOC e também TDAH).
Com isto, é importante saber que até mesmo o local em que os estudantes se sentam na sala de aula influência, sendo que é importante que fiquem distantes de distrações (portas, janelas, coisas penduradas na parede, dentre outros), e o local onde a pessoa estiver sentada deve ser um lugar que tenha um contato visual fácil com o docente que estiver na turma no momento, evitando fazer trocas de lugares em cada aula (para proporcionar ao estudante estabilidade).
É importante também, a confiança deste estudante, então converse com esta pessoa e deixe saber que poderá buscar ajuda individual com você, permanecendo sempre otimista e alegre, é importante que o estudante tenha essa confiança no docente e que saiba que não precisa “esconder” isto. Além disso, é necessário no inicio das aulas demonstrarem o que será trabalhada naquela aula e como está organizando, passando trabalhos e outras atividades em pequenas partes, porém mantendo as instruções de forma clara, de preferência, combine com o estudante sinais para quando ele perder o foco em você, para que consiga voltar a prestar atenção sem ter que ser chamado pelo nome.
É interessante também fazer uma “lista de conferência” para que os estudantes possam assinalar as tarefas conforme elas vão sendo concluídas, isto facilita o estudante com TDAH para verificar em que ponto ele está e quantas ainda restam.
É valido lembrar, que eu não gosto de passar lição para casa, porém, caso passe é importante estar ciente de que o estudante com TDAH leva mais tempo do que os demais para realiza-lo, pois tem a tendência de se distrair inúmeras vezes durante a realização do mesmo, é importante além das instruções verbais, que se tenha essas instruções por escrito também, para que o estudante consiga verificar o que precisa (caso tenha perdido alguma informação).
Apenas para ressalta que eu trabalho com um público entre 14 e 24 anos de idade, e que por esta razão pode ser que seja mais “fácil” lidar com estudantes que possuem TDAH, pelo fato dos estudantes já estarem mais abertos a conversar sobre isto, e sobre o que funciona e o que não funciona para eles. Porém já tive estudantes que nunca tiveram o apoio que precisavam em outras escolas e eram tratados apenas como “desatentos”, e que segundo os antigos professores eles “não teriam futuro”, mas bastou apenas fazer alguns ajustes nas formas de aprendizado destes estudantes que se deram muito bem em sala de aula. É importante também orientarmos estes estudantes a procurarem ajuda além da sala de aula, com médicos e psicólogos para que possam seguir uma terapia cognitiva-comportamental (TCC) e se necessário tomar alguns medicamentos neuroestimulantes que os ajudem a melhorar a concentração (claro, tudo isto quem deve indicar são os médicos que o acompanham e em alguns casos não é preciso).
Na maioria dos casos, o simples fato de ouvirmos e de nos adaptarmos as necessidades destes estudantes já gera uma melhora significativa na vida deles e já faz uma enorme diferença, afinal, todos merecemos ter o direito a aprender da melhor forma possível.