A discussão proposta para a primeira semana da disciplina Organização e Gestão Escolar, sobretudo a partir do vídeo Princípios gerais da administração escolar: administração escolar, possui grande relevância nos estudos sobre a educação por demonstrar como tem sido estruturada os espaços de instrução no Brasil. Como pontua o vídeo a organização da produção fabril nasceu diante da necessidade de padronizar e expandir a produção industrial, buscando utilizar de critérios científicos para alcançar os objetivos da economia capitalista que se consolidava.
No que diz respeito a disciplina mencionada, é interessante observar como certas práticas da administração fabril têm sido incorporadas ao ambiente escolar em sociedades predominantemente capitalistas. O paradigma da eficiência, hierarquia e padronização, frequentemente associado à administração fabril, tem influenciado a gestão e organização das escolas de diversas maneiras. Entre os pontos que podem ser observados acerca de como esses paradigmas tem sido adotados na organização escolar estão: Padronização do Ensino, referente a forma algumas abordagens educacionais adotam uma estrutura padronizada de ensino, buscando uniformidade no aprendizado dos alunos, assim como a linha de produção em uma fábrica. Essa prática pode resultar em currículos rígidos, métodos de ensino uniformes e avaliações padronizadas.
Outro ponto consiste na busca de Eficiência e Produtividade, relacionada a prática de medição do desempenho dos alunos e das escolas por meio de métricas quantitativas, com o intuito de alcançar resultados em testes padronizados. Essa prática reflete uma mentalidade de busca por eficiência e resultados mensuráveis, similar à lógica de produção e eficácia fabril, que muitas vezes desrespeita a individualidade e diversidade de aprendizagem dos sujeitos envoltos no processo de aprendizagem.
Há o paradigma da Hierarquia e Controle, possível de ser observada quando a estrutura organizacional das escolas reflete uma hierarquia administrativa rígida, com decisões centralizadas e um controle do processo educativo, semelhante à organização hierárquica de uma fábrica. Essa prática inibi a possibilidade de uma gestão e estruturação do projeto político pedagógicos, por exemplo, de modo democrático e passível de ser rediscutido e modicado diante de novas necessidades da comunidade escolar.
Em reação a ênfase na Competitividade, marca da economia e de uma educação capitalista, há a defesa de competitividade entre as escolas, criando uma mentalidade de "sucesso" baseada em rankings e resultados. A adoção dessa perspectiva muitas vezes negligenciando a diversidade de habilidades e necessidades individuais dos alunos, causando adoecimento nos sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem e não sendo capaz de gerar resultados relacionadas a uma formação cidadã, voltada para o respeito a diversidade.
Cabe destacar, diante do discutido, que é importante notar que a adoção de princípios da administração fabril na educação nem sempre é positiva. Ela pode limitar a criatividade, a diversidade de abordagens pedagógicas e a valorização das habilidades individuais dos alunos. Muitos educadores e pesquisadores têm questionado essa abordagem, defendendo uma educação mais humanizada, centrada no aluno, que valorize a diversidade, a criatividade e o pensamento crítico.
A educação é um campo complexo, e a simples aplicação de modelos de gestão fabril pode não ser adequada para um ambiente tão dinâmico e humano quanto uma sala de aula. A busca por um equilíbrio entre a eficiência organizacional e a promoção de um ambiente educativo inclusivo, diversificado e centrado no aluno é um desafio enfrentado pelas instituições educacionais em sociedades capitalistas. Priorizar a educação como um processo humano e holístico pode ser fundamental para superar os aspectos limitantes das práticas da administração fabril no ambiente escolar.