A segunda semana, ao propor discutir em uma de suas atividades a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), permite o desenvolvimento de reflexões pertinentes a formação do educador e a compreensão dos estudos que compreende os currículos educacionais como campos de conflitos, negociações e relações de poder. A BNCC é um documento normativo, homologado no ano de 2018, que estabelece os aprendizados essenciais que todos os estudantes brasileiros devem desenvolver ao longo da educação básica, definindo as competências e habilidades que devem ser adquiridas em cada etapa de ensino. Esse documento surgiu de um conjunto de discussões acerca da educação Brasileira, realizadas desde a redemocratização política no final de década de 1980, vindo a se embasar na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Basileia (LDB 9394/1996) e substituir os chamados Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Brasileira (PCN´s).
Com a homologação e efetiva adoção da BNCC na educação brasileira, em um contexto no qual houveram também reformulações propostas para o ensino médio, um conjunto de críticas passaram a ser direcionadas a esse documento. Entre as críticas que cabe mencionar, encontra-se a questão da padronização e falta de flexibilidade no currículo. Muitos educadores e especialistas tem argumentado que a rigidez do documento pode limitar a autonomia das escolas e dos professores na adaptação do currículo para atender às necessidades específicas dos alunos e às realidades locais. Além disso, há preocupações sobre a implementação prática da BNCC. Muitos educadores sentem que não receberam orientações claras ou recursos adequados para aplicar efetivamente as mudanças propostas pelo documento. A falta de apoio e formação adequada para os professores pode comprometer a eficácia da implementação da BNCC.
No contexto do novo ensino médio, a proposta de flexibilização curricular tem gerado debates. Enquanto alguns veem a flexibilidade como uma oportunidade para os alunos escolherem áreas de interesse e aprofundarem seus estudos, outros questionam se as mudanças propostas são suficientemente estruturadas e se garantirão uma formação ampla e sólida para todos os estudantes.
Outra crítica relevante se relaciona à desigualdade de acesso à educação de qualidade. A implementação da BNCC e do novo ensino médio pode ser mais desafiadora em regiões com recursos limitados, o que pode acentuar as disparidades educacionais entre diferentes áreas do país.
Ainda há discussões sobre a falta de diálogo amplo e participativo na elaboração dessas políticas educacionais. Muitos alegam que a construção da BNCC e as mudanças no ensino médio não envolveram adequadamente professores, especialistas em educação, estudantes e comunidades escolares, limitando a legitimidade e a eficácia das propostas.
Apesar das críticas, a BNCC representa uma tentativa de garantir um padrão mínimo de qualidade na educação brasileira e estabelecer referências importantes para o desenvolvimento curricular. No entanto, é fundamental considerar e abordar as preocupações levantadas para garantir que as mudanças propostas promovam uma educação inclusiva, contextualizada e de qualidade para todos os estudantes brasileiros.