Boa tarde
O capítulo em questão, retirado do livro "Extensão ou Comunicação?" de Paulo Freire discute a importância da comunicação e da intersubjetividade no processo de conhecimento. Freire argumenta que o pensamento não pode existir isoladamente, mas sim em diálogo com outros sujeitos, mediado por signos linguísticos. A comunicação eficiente requer um acordo entre os sujeitos, para que a expressão verbal de um seja compreendida pelo outro. A falta desse acordo pode levar à incompreensão e à impossibilidade de comunicação.
As proposições de Freire dialogam diretamente com a máxima "Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo" exposta por ele na sua obra Pedagogia do Oprimido, visto que essa afirmação encontra concordância com as proposições do capítulo no sentido de que a comunicação é um processo dialógico e interativo de mútuo pensar entre vários sujeitos acerca do objeto de pensamento. Freire ainda ressalta que quando não há acordo entre os signos, ou compreensão entre os sujeitos, seja em relação à linguagem, conteúdo do objeto de pensamento, ou da convicção acerca do fenômeno pensado, não há comunicação. Dessa forma, a tecnologia pode auxiliar no processo de equilibração dos sujeitos, pode ser um suporte para "traduzir" os signos, conteúdos e convicções entre os sujeitos de forma a garantir a efetividade da comunicação.
Freire também aponta que a comunicação estruturada tal qual uma palestra, onde há um comunicador e vários "receptáculos" não é o método mais eficiente para a construção da compreensão acerca de um objeto pensado, mas que o "diálogo problematizador" é mais adequado para diminuir a distância entre as expressões significativas do técnico, o professor, e as percepções dos educandos. Freire conclui dando importância para os aspectos humanistas, de tratar os sujeitos envolvidos como humanos, e não como "coisas" envolvidas no processo de transformação da realidade através do trabalho (obviedade apontada pelo autor no início do capítulo), mas sem "otimismo ingênuo", e sim "esperançosamente crítico".
Dessa forma, todo esse ensaio nos permite vislumbrar que utilizar tecnologias em sala de aula não necessariamente a fazem tecnologias educacionais, visto que para que sirvam para tal, elas devem ser planejadas como elemento que reduza as distâncias entre o sujeito professor e os sujeitos educandos, de forma a garantir que participem do pensar acerca do objeto pensado, ou seja, o aprendizado exposto. Além disso, deve-se considerar os diferentes tipos de aprendizado dos educandos, a fim de garantir um processo educativo inclusivo, visto que as necessidades perceptivas de cada educando em torno do objeto pensado variam de acordo com seus estilos "preferenciais" de aprendizado.