No ensino à distância, os conteúdos disponibilizados aos alunos, por meio de mídias variadas, decorrem da elaboração docente, com filtragem e sistematização das informações, que são apresentadas para a execução do projeto pedagógico. Nesse percurso, haverá contínua interação entre docentes e discentes por variadas ferramentas didáticas, quais videoconferências, aulas gravadas e fóruns, além da assistência exercida pela tutoria. Observa-se, portanto, que, na educação à distância, o aluno não está isolado, porém, tem seu aprendizado conduzido por meio dos conteúdos e das práticas elaborados pela docência.
Reconhecida a maior autonomia do aluno adulto, compete-lhe disciplinar seus estudos, inteirar-se das atividades propostas e ter iniciativas na reflexão e pesquisa dos conteúdos que lhe são ofertados. Por isso, é fundamental que o professor apresente ferramentas, tecnológicas ou não, por meio das quais os alunos possam se orientar na busca por conhecimento e possam desenvolver pesquisas e aprendizados sem a dependência de toda e qualquer iniciativa do professor.
Ante novas tecnologias que adentram a esfera de ensino-aprendizagem, o professor há de submeter-se a uma crítica pessoal em relação ao conceito que faz de si mesmo como profissional da docência. Essa postura crítica deve ser exercida para que o professor não continue a perseverar nas velhas práticas, agora transpostas para o ambiente virtual. A educação a distância exige do professor atitudes diferenciadas daquelas já conhecidas, em nome das quais devem assumir o constante compromisso de estudo e constante atualização para não serem dragados pela dinâmica incessante do avanço tecnológico, do progresso das técnicas e pela renovação dos conhecimentos.
Por causa dessas características, engana-se quem escolhe curso na modalidade EaD supondo que se trate de curso mais fácil. É necessário ter perfil para EaD. Nem todo aluno consegue submeter-se aos requisitos da EaD seja porque lhe falte disciplina, seja porque prefere a interação síncrona, o contato direto e a oralidade da modalidade presencial. Na EaD, como a interação não é síncrona, o aluno deve aguardar o momento em que suas dúvidas serão esclarecidas por um dos canais do ambiente virtual (chat, fórum, sala de dúvidas, e-mail). Ou, preferencialmente, agir com protagonismo, pesquisar sobre o ponto em dúvida conforme a bibliografia sugerida ou outras pertinentes; se a dúvida persistir, pode-se, então, recorrer ao tutor, a fim de que lhe sejam apontadas direções.
Todas essas experiências e possibilidades devem ser sopesadas nas metodologias e nas práticas do ensino superior, que necessitam se adequar à autonomia que caracteriza o adulto universitário. Ao estudo que busca compreender o aluno adulto em suas múltiplas nuances, de molde a estabelecer as melhores abordagens metodológicas para seu aprendizado, denomina-se andragogia. Na perspectiva andragógica, a verticalidade do processo de ensino-aprendizagem cede espaço à horizontalidade, na qual o aluno é igualmente protagonista de seu percurso acadêmico, enceta um debate de ideias com o corpo docente, divide experiências, exterioriza sua bagagem de conhecimentos.
Em razão, pois, do perfil do aluno, das metodologias e da natureza epistemológica, a EaD é mais indicada a cursos teóricos ou de grande carga teórica, haja vista que as práticas, mesmo quando não ocorrerem em laboratórios, por envolveram habilidades em curso de desenvolvimento, postulam observação e acompanhamento.
Nesse sentido, Medicina e Odontologia são exemplos de cursos presenciais por excelência, tendo em vista a especificidades de conhecimentos e habilidades a serem obtidos com o contato e manuseio com corpos. Por outro lado, Sociologia, cujas abordagens são teóricas e acessíveis por meio de bibliografia, permitem ao aluno maior autonomia de estudos e, por essa razão, é adaptável para EaD.
Os cursos da área da educação são bem adaptáveis à EaD, pois a parte prática consiste, via de regra, nos estágios supervisionados, nos quais o aluno, sob orientação direta de docente, poderá esclarecer dúvidas e adquirir novos conhecimentos no que concerne à regência.