Olá, professor, tutor e colegas.
Meu ponto de partida aqui é falar da importância do texto de Kelen Meirelles, muito bem escrito (como poucos lidos durante o curso), de leitura fluída e cuja grande contribuição – entre as que traz – é a do conceito de andragogia (totalmente novo para mim). Poderia até dizer que já ouvi e li, de certa maneira, algumas coisas pontuais a esse cuidado com a educação dos adultos (inseriria alguns jovens), mas não do jeito que a autora trouxe. Como ressalva, no texto, a mesma refere a todos envolvidos com a Educação à Distância ora como atores, ora como agentes. Gosto da segunda denominação porque acredito que ela traduz melhor o papel ativo de cada um dos envolvidos no processo educativo, especialmente o dos alunos. No que se refere ao vídeo produzido pela UEMA, ele corrobora o texto de Meirelles e demonstra que, mesmo com as desigualdades socioespaciais e as disparidades intra e inter-regionais que marcam o território brasileiro, a EaD tem conseguido superar as barreiras físicas e socioeconômicas impostas a grande parte da população. Cada depoimento tem a sua particularidade, mas há uma conexão geral e significativa – que é a da realização de um sonho e da possibilidade de crescimento pessoal e profissional.
Feitas essas considerações e partindo para o questionamento lançado, acredito que nenhum curso pode ser feito à distância – pois mesmos aqueles onde, num primeiro momento, poderíamos pensar que seria possível (especialmente aqueles que não os de nossa formação), existem demandas que um curso totalmente nesse formato não supriria – deixando uma lacuna de conhecimentos advindos de experiências presenciais no aluno. Citaria como exemplo um curso EaD em Matemática, História, Pedagogia ou Letras, mesmo que voltados para a licenciatura. Entretanto, o texto e o vídeo mostram que alguns cursos podem ser (e são) feitos à distância (total ou parcialmente), mas que certos cursos nem isso fazem – como na passagem em que Meirelles (2020, p. 72, grifos nossos), ao falar da EaD e a legislação em vigor no Brasil, mostra que “[...] a ampliação das disciplinas em EaD não se aplica aos cursos de graduação presenciais na área da saúde e nas engenharias, como posto no artigo 6º da referida portaria”. Nesta passagem penso que existe uma “valorização” dessas duas áreas, pois se há cursos parcialmente EaD, acredito que existe a possibilidade de que as disciplinas teóricas existentes possam ser feitas à distância. Entretanto, essas áreas, especialmente pelo prestígio que desfrutam, talvez não possam “abrir mão” do presencial mesmo nas disciplinas que seriam mais teóricas.
Assim, suspeito que é justamente essa característica de ter disciplinas teóricas que faz com que alguns cursos sejam ofertados totalmente (ou parcialmente) à distância – evidenciado pelo fato de que as duas primeiras participantes do vídeo da UEMA tenham graduação em Pedagogia (Silmara Lindoso) e Filosofia (Mária de Fátima). O outro aspecto que coloca a possibilidade somente do acesso aos cursos EaD é a realidade socioeconômica e espacial de quem busca esses cursos – mais uma vez evidenciada pelas participantes. Timbiras é, provavelmente, uma cidade pequena – daí ela não oferta cursos de nível superior presenciais. Logo, o acesso a esses cursos só se dará em cidades médias ou na capital do Estado (ou, quem sabe, numa outra cidade pequena melhor estruturada) e aqueles que não podem deslocar-se ficam impedidos de avançar em sua formação. Por isso que a EaD cumpre o importante papel destacado no texto de Meirelles e representa, como na fala emocionada de Silmara, oportunidade!
Claro, isso é um pensamento meu, que pode ter vários equívocos. Os cursos EaD vêm cumprindo um importante papel de inclusão em diversas áreas e muitas pessoas estão totalmente adaptadas a eles. Meu posicionamento vem do fato de eu gostar do presencial, de estar fisicamente nos lugares, interagindo frente a frente, ouvindo, reagindo às falas. Jamais faria uma graduação em Geografia totalmente EaD (talvez nem parcialmente), mesmo a licenciatura, pois a materialidade que algumas disciplinas carregam só é possível de ser experimentada na imersão espacial - por exemplo, falar de Geografia Urbana sem nunca ter ido (ou poder ir) a uma metrópole, para mim, seria marcado pela incompletude (mas para alguns é possível, sim, tanto que tem pessoas formando-se em Geografia). Não esqueço que falo isso considerando a minha realidade socioespacial, pois moro em Salvador. Então, posso ter essa escolha. Talvez, se morasse numa cidade pequena no interior baiano, essa realidade se imporia e a Geografia ou qualquer outro curso possível seria feito EaD.