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Atividade 4.2 (Fórum Obrigatório)

Inclusão e educação popular

Inclusão e educação popular

por Vitor Azevedo Abou Mourad - Número de respostas: 4

No atual momento, estou trabalhando na coordenação de um pré-vestibular comunitário; por esse motivo, falarei dessa experiência aqui enquanto um exemplo, dentro da minha formação pessoal e profissional, de inclusão em ambiente educacional, mesmo que não se trate da educação formal/regular. O pré-vestibular comunitário em que atuo é localizado na zona sul do Rio de Janeiro e atende a muitos jovens e adultos da região, sobretudo de favelas como Rocinha e Vidigal, localizadas nas redondezas. Esse projeto abrange dois temas trabalhados nesta disciplina, educação de jovens e adultos (EJA) e educação popular. 

O pré-vestibular comunitário tem como público-alvo estudantes e ex-estudantes de escolas públicas que não possuem condições de custear um curso preparatório. Nesse sentido, visa a dar oportunidades a pessoas que não tiveram acesso durante boa parte de suas vidas, além de contribuir para a democratização do ingresso ao ensino superior. Por esse motivo, para mim, entrar e participar desse projeto foi (e é até hoje) uma grande realização e possibilidade de mudança na minha forma de pensar a educação e de atuar enquanto professor/coordenador. 

Avaliando a disciplina, ela trouxe temas muito relevantes para pensarmos a educação especial e inclusiva. No entanto, acredito que alguns textos de base, como o que tratava de violência simbólica, poderiam ter sido selecionados com mais cuidado, a fim de se ter um texto mais aprofundado, o que também se aplica às atividades e vídeos desta disciplina.

Em resposta à Vitor Azevedo Abou Mourad

Re: Inclusão e educação popular

por Fabricio da Silva Lobato -
Paulo Freire foi um influente educador brasileiro que desenvolveu uma perspectiva educacional crítica e libertadora. Ele acreditava que a educação era um ato político e defendia a prática da educação comunitária como um meio de empoderar as pessoas e promover a transformação social.

Para Freire, a educação comunitária é um processo dialógico e participativo, baseado na construção coletiva do conhecimento. Ele defendia que a comunidade deveria ser o ponto de partida e de referência para o processo educativo, e não apenas um receptor passivo de conhecimentos.

Nessa perspectiva, a educação comunitária busca valorizar os saberes e as experiências das pessoas, estimulando a reflexão crítica sobre suas vidas e a realidade em que estão inseridas. O diálogo é uma ferramenta fundamental nesse processo, pois permite que os indivíduos compartilhem vivências, questionem ideias pré-estabelecidas e construam novos conhecimentos de forma coletiva.

Além disso, Freire afirmava que a educação comunitária deve ser libertadora e emancipadora, promovendo a conscientização das pessoas e incentivando a sua participação ativa na transformação da sociedade. Ele acreditava que a educação não deveria ser um instrumento de dominação, mas sim de libertação, permitindo que as pessoas assumam o controle de suas próprias vidas.

Fundamental para a educação comunitária é o processo de alfabetização, mas Freire o via como algo além do simples aprendizado das técnicas de leitura e escrita. Para ele, a alfabetização deveria ser um ato político, capaz de trazer significado e transformação para as vidas das pessoas. Ele desenvolveu o método chamado "educação popular", que propunha a utilização de palavras geradoras de diálogo que estavam relacionadas aos contextos de vida dos alfabetizandos, a fim de tornar a aprendizagem mais significativa e conectar o processo educativo com a realidade da comunidade.

Em suma, a educação comunitária na perspectiva de Paulo Freire busca a democratização da educação, o empoderamento das pessoas e a transformação social. Ela valoriza a participação ativa da comunidade, a construção coletiva do conhecimento e a conscientização das pessoas como instrumentos para a promoção da justiça social e da igualdade.
Em resposta à Vitor Azevedo Abou Mourad

Re: Inclusão e educação popular

por Vitor Fernando da Silva Felix -
Oi, Vitor. Tudo bem? Se me permite, vou aproveitar sua postagem, pois também atuo em um projeto de pré-vestibular comunitário e seu relato é muito próximo da minha realidade.
No meu caso, participo como professor de um pré-vestibular comunitário na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ingressei este ano, mas o projeto em si é bastante longevo e é voltado majoritariamente para adolescentes de baixa renda, mas também temos a presença de pessoas de mais idade em nossa sala de aula. O espaço é construído de forma conjunta entre professores e estudantes, valorizando as especificidades de cada um e buscando sempre a inclusão de todos. Como o projeto é realizado em um centro comunitário, os alunos também podem frequentar as demais atividades que são realizadas nesse espaço, como oficinas variadas e cursos formativos. No geral, o espaço é bastante plural e sempre tentamos fazer com que todos que participam se sintam acolhidos. Infelizmente, como o projeto sobrevive de doações, ainda não possuímos infraestrutura necessária para acomodar satisfatoriamente pessoas com deficiência, por exemplo.

Quanto ao curso, o avalio de maneira bem satisfatória. Acho os debates levantados sobre educação inclusiva muito necessários e foram bem introduzidos. Como a professora havia dito, é impossível abordar com profundidade diversos assuntos referentes à educação inclusiva no curto espaço de tempo que tivemos, mas acredito que, na medida do possível, houve um esforço de nos apresentar um conjunto de temas importantes para que no futuro possamos nos aprofundar.