Tive uma experiência com um aluno do segundo ano do ensino médio, um rapaz gentil, alegre, muito educado e prestativo. Era aparente que ele tinha algum transtorno do espectro autista. Em alguns momentos, ele tentava chamar a atenção dos colegas fazendo barulhos com a boca e levantando a mão constantemente para pedir para sair, ir ao banheiro, à secretaria, aos armários, entre outros. Percebi imediatamente que enfrentaria um novo desafio e busquei compreender suas necessidades e identificar pontos que chamassem sua atenção, a fim de conquistar ao menos parte de sua concentração. Posso dizer que sua condição era severa e seu aprendizado estava bastante comprometido. Tentei levá-lo a outras formas de aprendizagem, como o convívio, a participação e a interação com outros colegas, além de mostrar-lhe que sua presença era importante para a turma e para mim. O ano passou rapidamente e ele decidiu sair da escola para estudar em uma escola não integral. No entanto, ainda o vejo na pracinha da pequena cidade onde leciono e sempre me surpreendo com seu cumprimento caloroso: "Olá, professor, como o senhor está? Sinto muita falta dos meus amigos da escola e também do senhor. Um abraço, viu, professor. Boa noite e fique com Deus."