Tendo em vista que cresci na zona rural, iniciei meus estudos no Campo. Assim, vivenciei uma realidade bem distante da idealizada. Não há creches para oferta de ensino infantil. Nem sempre há escolas (prédios específicos e adequados) nos sítios, pelo que crianças com idade de cursarem o ensino fundamental I precisam se deslocar para outras localidades, nem sempre há transportes públicos para tanto. Muitas vezes as crianças só conseguem acesso em idade superior à prevista para a turma, pela dificuldade de acesso. Quando há escolas, o prédio oferece o mínimo: sala de aula com carteiras. Não há bibliotecas, não há laboratório, não há ginásios ou quadras). Falta merenda, falta material didático. Geralmente há um único professor e uma única sala de aula que abriga todas turmas que compõe os anos iniciais (1º ao 5º ano). No que diz respeito à Educação dos Jovens e Adultos na Educação do Campo a realidade é a mesma, só que um pouco mais difícil. Além da ausência de estrutura física adequada, o material didático que chega para esta modalidade de ensino é ainda mais raro e nem sempre condizente com a realidade local e especificidades regionais. A aula não é interessante ou atrativa para quem está cansado, após ter passado o dia inteiro trabalhando na roça. Assim, a evasão escolar é muito alta.
Dispus apenas acerca das condições físicas, se partir para outras questões relacionadas, como planejamento, formação de professores, a questão se torna ainda mais difícil e precária. Fato é que a Educação do Campo tem sido esquecida, negligenciada, seja pela distância, dificuldade de acesso, ou mesmo má gestão, estando a realidade bem distante das diretrizes, normas e princípios previstos na respectiva legislação. Ainda há muito a ser feito para a universalização do ensino de qualidade.