Ao me debruçar sobre a minha trajetória educativa que deparo com situações que considero elementares no meu processo de constituição e no meu exercício profissional. Nos últimos 10 anos, tenho refletivo bastante acerca das questões minoritárias, aliás, não apenas refletido, tenho vivenciado. O curioso dessas reflexões é que, por mais que eu tenha nascido com um alvo nas costas por ser mulher, preta e pobre, eu não tinha uma leitura de mundo apurada a ponto de identificar como tais marcas perpassam a minha história. Hoje, com uma consciência mais elevada, entendo os desafios que enfrento por causa das marcas elencadas anteriormente, bem como, hoje, identifico o meu compromisso com o mundo e com a formação de educandos e educandas no que tange ao reconhecimento da sua identidade. Recentemente tenho organizado um movimento na escola cujo o qual tenho trabalhado com fortalecimento das múltiplas identidades e questões associadas a raça, gênero e classe. Nos dias de hoje, atuar nesta vertente requer muita ousadia... É importante reconhecermos que as lutas são constantes... enquanto profissionais da educação somos ,cotidianamente, convocados para agir, afinal, quem tem cor, age! É importante tratarmos dessas pautas sem romantizarmos.
Em síntese, gostaria de compartilhar que a iniciativa tem tido desdobramentos muito interessantes, principalmente, em relação ao reconhecimento da identidade étnica. Por exemplo, umas das educandas tinha muitos conflitos para compreender a sua identidade étnica-racial , todavia, no decorrer do processo, percebi que , aos poucos, ela estava cada vez mais empoderada e, entendendo que o racismo e as desigualdades sociais era algo estrutural e precisava ser discutido e combatido. Fiquei muito feliz em vê-la discutindo e problematizando essas pautas. Digo isto porque, só foi depois de adulta que eu comecei a pensar sobre essas lutas.
Em virtude do que foi dito, entendo que esta disciplina seja de vital importância para apurarmos a nossa visão em relação à diversidade existente em sala de aula. Esta disciplina nos ensina não somente a olhar para o outro como "diferente", mas , o mais especial desta disciplina é que ela nos ensina a olhar para nós... ela nos ensina a refletir sobre qual é o nosso papel no mundo diante das opressões e segregações formuladas no decorrer da história da humanidade.
Eu gostaria de agradecer pela partilha, OBRIGADA!