A Lei nº 13.415/2017, que trata da Reforma do Ensino Médio no Brasil, trouxe diversas mudanças significativas para a educação profissional no país. Um dos pontos que mais levantam discussão é a flexibilidade curricular, permitindo que os estudantes escolham parte das disciplinas que desejam cursar, incluindo a possibilidade de oferta de disciplinas técnicas e profissionalizantes já no Ensino Médio, usando como argumentação que essas "escolhas" podem ser benéficas para a educação profissional e consequentemente para o mundo do trabalho, pois os alunos poderão focar mais em áreas que estejam alinhadas com suas futuras carreiras.
A crítica que faço a essa reforma reside na falta de investimento na infraestrutura e na capacitação de professores para lidar com a nova abordagem curricular. Isso pode afetar negativamente a qualidade da educação profissional. Há ainda e de forma muito veemente a desigualdade de acesso. A flexibilidade curricular pode agravar as desigualdades sociais, uma vez que nem todos os estudantes têm a mesma capacidade de escolher e acessar disciplinas técnicas e profissionalizantes. Há ainda a redução da carga horária das disciplinas de formação geral, como Português e Matemática, em detrimento das disciplinas técnicas, o que certamente irá prejudicar a formação integral dos estudantes. Critico também a maior atenção dedicada às áreas técnicas e menos às ciências humanas e sociais, o que deverá afetar a formação cidadã e crítica dos estudantes.