Estudar o tema currículo não é algo simples. A palavra currículo é muito abrangente e possui diversos significados, dependendo do lugar e da finalidade para qual está sendo utilizada. Quando utilizamos o termo currículo na escola, apesar de delimitar o espaço, ainda assim encontramos diferentes possibilidades de interpretação.
O currículo prescrito está predefinido tanto em nível
nacional nos documentos oficiais como leis, normas e diretrizes nacionais,
livros didáticos, propostas curriculares, como em nível local nas escolas como
os planos de ensino e planos de aula feitos pelos professores. Portanto, esse
currículo está registrado e documentado. No entanto, na escola não se ensina
somente o que está formalmente definido. Há ensinamentos e aprendizagens que
acontecem de forma implícita, ou seja, nas entrelinhas das relações que se
estabelecem no ambiente escolar. Silva (2003) categoriza essas aprendizagens
informais como currículo oculto. Segundo ele, “[...] o currículo oculto é
constituído por todos aqueles aspectos do ambiente escolar que, sem fazer parte
do currículo oficial, explícito, contribuem, de forma implícita, para
aprendizagens sociais relevantes” (p. 78). Desse modo, no currículo oculto são
aprendidos comportamentos, atitudes, valores e orientações que a sociedade
requer das novas gerações para que se ajustem às estruturas e ao funcionamento
da sociedade já constituída.
Embora o currículo oculto possa ter aspectos positivos, como a transmissão de habilidades sociais e normas culturais importantes, também pode perpetuar desigualdades sociais e reforçar estereótipos e preconceitos. Por esse motivo, muitos educadores e pesquisadores estão cada vez mais conscientes da importância de reconhecer e abordar o currículo oculto de forma crítica, a fim de promover uma educação mais inclusiva, equitativa e abrangente.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
Conteúdo adaptado do trabalho: "O conceito de currículo oculto e a formação docente", de Viviane Patricia Colloca Araujo (UFSCAR).