Acredito que na prática pedagógica o currículo oculto se expressa em duas formas, explicadas a seguir:
Na primeira, atua como uma força externa diante dos conteúdos de aprendizagem “escondidos”, mas que são impostos formalmente nos currículos oficiais, mascarados com o véu da aparente neutralidade científica, mas que na verdade cumprem à risca e rigorosamente os objetivos do grande mercado financeiro nacional e internacional, pelo menos na grande maioria dos conteúdos, onde a hegemonia ideológica dominante atua, na preparação dual para o mercado de trabalho, em que uns serão uma força capacitada assalariada e outros terão a formação propedêutica necessária para os altos cargos do mercado.
Na segunda forma, há uma força interna de objetivos pessoais implícitos do professor em sala de aula, que incluem aprendizagens subjetivas, perpassando pelo processo de transferência, em que os estudantes veem o professor além de uma relação puramente profissional, gerando sentimentos confusos de idolatria ou rechaço, nesse sentido, tudo que o professor faz em sala de aula tem relevância na maneira como ele é visto, o que influencia no modo que ele será confrontado pelos alunos, o professor se torna um modelo, em que atitudes, gostos, sentimentos, modos de se portar e se vestir, tudo causa uma reação, o espaço da sala de aula pode causar feridas, traumas, ou abrir uma relação de exemplo, diálogo, entusiasmo e afeto, em que os posicionamentos políticos e metodológicos do professor, sempre em associação, impactam diretamente na aprendizagem.