Já tive a oportunidade de lecionar, no mesmo ano e na mesma série, mas em turmas diferentes, para dois meninos com TEA diagnosticado. Apesar de terem recebido o mesmo laudo eles eram completamente diferentes. Um não era alfabetizado, reclamava muito do comportamento dos colegas, naõ tinha interesse nos conteúdos trabalhados e preferia ignorar sua condição. O outro era quase orgulhoso dela! Mostrava-se curioso com alguns conteúdos, às vezes até demais! Era alfabetizado e buscava se relacionar com alguns colegas. Era perceptível que o segundo muitas vezes se apresentava cansado de tentar se enquadrar. Já o primeiro parecia ter uma energia sem fim para ser hostil com os colegas de classe. A minha percepção é que essa dificuldade de interação com as outras pessoas e com o mundo era o maior obstáculo que enfrentavam. Essa sensação de não pertencimento impactava diretamente seu potencial de aprendizagem. Mas era flagrante como o aluno que se entendia autista e não demonstrava se envergonhar disso tinha um melhor aproveitamento do cotidiano escolar e suas experiências, além de uma melhor relação com as pessoas que o cercavam. Outra coisa que me impactou foi como o relacionamento deles comigo era amistoso. Eles sabiam que eu era a professora e que comigo o tratamento era diferente. Isso é uma demosntração de traquejo social.