Da leitura do artigo de nossa última semana, uma frase grudou na minha cabeça e segue ecoando: “Quanto mais o aluno se tornar o professor e mais o professor se tornar o aluno, melhores serão os resultados (VAN DER SCHEE apud SANTOS et al., 2020, p. 1451)”, Ecoam ainda as palavras do professor F. Ramus (2018), ao dizer que, mesmo precisando de maiores estudos, reforçar o comportamento positivo é melhor que punir o negativo.
De fato, na última aula de Língua Portuguesa da semana, nos últimos horários de uma sexta-feira, com alunos cansados e desmotivados e uma folha de 14 questões sobre Formação de palavras, resolvi pedir a eles que corrigissem as atividades com os demais.
Cada aluno que ia ao quadro deveria explicar como resolver o exercício e, ainda, justificar por que outras possibilidades de resolução deveriam ser descartadas. Não foi uma aplicação inovadora, nem foi nada extraordinário. Os alunos tinham em mãos o meu pincel, a folha e os conhecimentos adquiridos durante a semana. Mas foi interessante ver como rapidamente a turma se concentrou para ouvir o colega explicar - e, eventualmente, corrigir a fala do outro.
Alguns dos alunos que vinham ao quadro, inclusive, se arriscaram a brincar de professores e sugerir que outros colegas respondessem questões propostas por eles mesmos. Os outros alunos, atentos, faziam perguntas para saber se os colegas saberiam responder - e, para minha surpresa, eles sabiam!
Eu, observando, tive de interferir apenas duas vezes: uma para corrigir uma informação equivocada e outra para sanar uma dúvida de todos os alunos. Em plena sexta, consegui aplicar e avaliar o conteúdo, ao mesmo tempo, fornecendo feedback em tempo real! A maioria dos meus alunos foi embora feliz e eu cheguei a ouvir que "definitivamente, Português é a melhor matéria dessa escola!".
Parabenizei a todos que participaram e deixei a turma se organizar para sair alguns minutos antes.
Certamente, eu esperava que alguns alunos realmente não fossem prestar atenção - e não prestaram. Parafraseando Ferrari (2008, apud SANTOS et al. 2020, 1452), "não se ensina o que um aluno não quer aprender". Mas percebi que, às vezes, o que falta não é uma lousa digital e uma boa conexão à internet: falta adaptação, tempo (para que o professor consiga perceber os estilos de aprendizagem da turma), significado e interesse!