Os vídeos e o texto da semana me lembraram de um caso muito marcante que aconteceu durante meu primeiro ano em sala de aula: Eu tive um aluno que não desenhava. Ele parou de desenhar por medo de errar, por medo de desenhar "feio" e sua mãe, que também era professora na mesma escola, veio conversar comigo sobre o ocorrido pois estava muito preocupada com o desempenho dele naquele ano. Conversa vai, conversa vem, descobri através dela e dos alunos que já estavam na escola há alguns anos que a professora anterior cobrava deles produções mensais e que as produções deveriam seguir um padrão estabelecido pela professora em questão. Tudo que fugisse ao padrão era considerado ruim, mal avaliado e deveria ser refeito e, nesse processo, o aluno por vezes preferia não fazer os trabalhos para não lidar com a frustração de não atingir os padrões da professora.
Apesar de nunca ter passado por algo parecido no ensino regular, eu havia saído de um longo hiato da minha produção causado por um professor com comportamento idêntico ao dessa professora, só que na graduação. Por esse motivo, quando voltei a desenhar eu prometi a mim que faria diferente e que avaliaria meus alunos de forma individual, considerando suas particularidades, dificuldades e potencialidades.
O ano se passou e aos poucos esse aluno foi recuperando sua confiança, compreendeu que cada um tem um traço, um jeito de desenhar e que tudo bem não gostar de desenhar, existem outros objetivos e ferramentas dentro da arte, e o resultado não poderia ter sido melhor já que ele voltou a desenhar e a gostar de participar das aulas de arte.
Gosto de contar essa história pois cada vez que lembro dela, lembro do quanto somos seres mutáveis, diferentes, e tenho certeza que, enquanto educadora, cabe a mim observar o meu trabalho, pensar nele de forma crítica e buscar o máximo de informações que eu conseguir. Estar em constante formação é importante pra nossa carreira mas é importante principalmente para que nossos alunos tenham sempre a nossa melhor versão, uma versão que valoriza o processo de aprendizagem e as potencialidades de cada aluno que passa pela sala de aula.
Finalizo essa matéria da pós com uma sensação muito boa de estar trilhando um caminho que valoriza cada turma que passa pela minha sala de aula. Saber que estou em constante formação e que estou trabalhando para que meus alunos tenham um aprendizado significativo e que os valorize enquanto seres individuais, me dá a segurança de poder não saber e buscar conhecimento. A segurança de quem sabe que pode aprender mais e se tornar um profissional melhor e sabe que seus alunos também passarão pelo mesmo processo.