Após estudar o conteúdo da semana, sumarizo abaixo três tópicos que considero fundamentais para o escopo das reflexões propostas:
1- Existem algumas ideias preconcebidas sobre educação que limitam a inovação e emperram o desenvolvimento de abordagens não convencionais. Creio que isso não é bom. Não é inteligente nos apegarmos a padrões de pensamento cristalizados que se opõem às mudanças. É preciso mudar sempre, mas mudar com consciência e autocrítica, e não de forma artificial, superficial, moldada pelo simples ritmo das modas e trejeitos de mercado nessa era de tendências neoliberais. Educar é, antes de mais nada, questionar o estado de coisas, inclusive o estado de coisas da própria educação. Nada é definitivo. As concepções que sustentam a identidade de escola no século XXI não precisam, nem devem, ser fixas. Da mesma forma, não podem mudar à revelia do senso crítico e do rigor da ciência. O equilíbrio está justamente em encontrar a harmonia entre as permanências e mudanças que se fazem necessárias para a melhoria da qualidade educacional. Esse é o ponto: fazer o que precisa ser feito, com ética e respeito à dignidade humana, para que as desigualdades educacionais sejam superadas e as pessoas tenham acesso a escolas e sistemas de educação de notável excelência.
2- O professor deve se constituir como um profissional que está sempre estudando, aprendendo, se formando e transformando como intelectual, na medida em que, dialética e dialogicamente, contribui para a (trans)formação de seus estudantes, em perspectiva omnilateral. Nesse sentido, se estabelece o rompimento com a concepção e a prática educacional bancárias, em direção à educação problematizadora, que reconhece os sujeitos "como seres que estão sendo, como seres inacabados, inconclusos em e com uma realidade que, sendo histórica também, é igualmente inacabada. [...] Daí que seja a educação um quefazer permanente. Permanentemente, na razão da inconclusão dos homens e do devenir da realidade. [...] A educação problematizadora, que não é fixismo reacionário, é futuridade revolucionária" (FREIRE, 2013, p. 105)¹. Portanto, educadores e educandos se formam e transformam a partir da consciência de que são seres em constante processo de constituição de si mesmos. O diálogo de existires, numa linguagem freiriana, leva a uma boniteza e a um grau de conscientização muito mais profundos, o que amplia as possibilidades do quefazer humano, compreendendo a multidimensionalidade das presenças históricas que os sujeitos vão (re)constituindo ao longo dos seus caminhares.
3- Bons professores defendem a educação inclusiva, o que demanda a abertura ao desenvolvimento de diferentes estratégias e metodologias de ensino-aprendizagem, conforme as necessidades percebidas em cada contexto. Isso requer que se leve em conta a meta-avaliação, processo capaz de demonstrar a efetividade ou não das práticas pedagógicas e dos percursos avaliativos realizados, com profunda sinceridade e senso crítico. Educadores que percebem a importância da inclusão de todos os seus estudantes nos percursos de aprendizagem estão sempre abertos a aprender sobre a diversidade de métodos de ensino, sobre as novidades pedagógicas e possibilidades de utilização de estratégias didáticas adaptadas aos variados ambientes onde transcorre o movimento didático. Ao fazerem isso, professores se questionam sobre a efetividade ou não das metodologias e dos recursos avaliativos em uso, observam atentamente seus educandos e redirecionam as rotas conforme vão descobrindo o que funciona melhor em cada situação, compreendendo que realidades distintas requerem abordagens pedagógicas igualmente distintas e que, portanto, não existe apenas um jeito certo de se promover aprendizagens realmente significativas.
¹ In: FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 1ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013. E-book.