Em termos de experiências, em ensino profissionalizante para cursos Técnicos em Edificações, eu já tive com
alunos que iam drogados, alcoólatras, alunos em situações de rua, outros bem
mais velhos, mas nada com dificuldade de mobilidade, autismo ou outra
necessidade específica.
Durante esses seis anos dando aulas, eu sinto que quem mais aprendeu fui eu mesma. Todo o processo de montar a aula voltada a atender esses alunos e aos demais, me fez refletir o quanto o Brasil ainda precisa melhorar na conscientização da necessidade de ajuda a todos.
Um episódio foi com um dos alunos drogado, ele encarava e algumas vezes discutia do nada, impondo a vontade dele de querer que eu explicasse toda a matéria do semestre anterior, ou começava outro assunto, uma coisa fora do contexto da aula, em que outros alunos se levantavam em sala para virem do meu lado, para que eu não fosse agredida pelo aluno. Sem contar agressões machistas, entre outras. Nesse caso, teve a necessidade de conversar com o aluno, com o responsável por ele, até chamar autoridades que explicasse a não violência em sala de aula.
Um outro episódio, mas isso vem da minha postura até em meio as obras, escritórios de arquitetura, que é respeitar muito os trabalhadores dessas áreas. Muitos desses alunos nem terminaram os ensinos e nunca conseguiram um certificado de conclusão de um curso superior. Era notório essa vontade e o brilho nos olhos. Alguns deles mal conseguiam escrever direito os próprios nomes, tinham dificuldades em entender a teoria da prática que eles exerciam no dia a dia, mas eu sempre comecei as aulas dizendo que, em minha situação como professora, eu viro uma aluna em termos relacionados a práticas deles, portanto, aqui teremos uma troca de conhecimento. As aulas serão baseadas nessa dinâmica, que exige a participação de todos, assim, conseguiremos um enriquecimento dos nossos saberes.
Nesses casos acima eu tive muitos êxitos. Verifica-se que eles se sentem mais “aliviados” em compartilhar o conhecimento, agregando mais informações para até os alunos que não possuem nem a teoria e nem prática.
Portanto, eu achei muito importante essa disciplina, até para me familiarizar com o assunto em geral. A cada dia eu vejo mudanças em terminologias, em tratativas, em conceitos que, por ter recebido uma educação diferente dessa que vem sendo proporcionada, me faz ter um olhar mais inclusivo, mais compreensivo e voltado ao acolhimento de todo ser humano que tem esse desejo pelo conhecimento, pelo saber, mas que enfrentam algumas barreiras que, para mim não existem, mas para eles fazem toda uma diferença.
Eu me sinto em constante aprendizado, as vezes dá sim um conflito e sinto sim a necessidade de ouvir e compreender todos os pontos de vistas, até porque, vivemos em um mundo de diferenças e temos que respeitar e conviver com e entre os diferentes.