A música e o documentário tocam em temas facilmente destacáveis: violência, miséria, pobreza, destruição do planeta e perpetuação dessa estrutura dialética e desigual que assola a vida daqueles que não nasceram ricos e envoltos em privilégios.
A razão dessas mazelas tem nome: o consumo desenfreado e proporcionado pelo capitalismo, fortemente alavancado e mantido pelos países que são caracterizados de "norte global". Esse norte global cria problemas e propõe soluções que nem sempre beneficiam a todos. Sempre busca o lucro em cima de classes sociais mais baixas, historicamente alienadas de seus direitos e que nada podem fazer para erradicar tanta contradição sentida na pele, no estômago e no pensamento.
Quando pensamos no tema da educação e nos objetivos aos quais ela se propõe, imediatamente esbarraremos nos impedimentos para executar tais objetivos. Inutilmente, despeja-se a hercúlea missão de mudar estruturalmente o mundo em cima da educação. Digo inutilmente porque não depende da escola (corpo docente e administrativo, nutrição, discentes, e etc) reconstruir o mundo e torná-lo desigual, muito menos dos estudos individualmente. Exige-se a revolução de um lugar que, também, está condicionado historicamente ao domínio econômico de empresas e indústrias, ditando regras e financiando iniciativas que corroborem, não com uma verdadeira elevação do intelecto, mas como esse conhecimento pode virar dinheiro, lucro e ser consumido.
Lamentavelmente, a classe trabalhadora precisa, ainda, nesse mundo globalizado, escolher se pode pagar internet ou se paga o aluguel, se os filhos vão para a faculdade ou se precisarão trabalhar e continuar sem formação técnica e acadêmica.
Nesse conflito todo, o mundo está sendo objeto de ação antropocênica (mas vale dizer que são de grandes indústrias e elites empresariais), a cognição humana regredindo com a usabilidade viciante de dispositivos eletroeletrônicos, populações em extrema pobreza e passando fome em países enaltecidos como os ideias para se morar, e etc.
A globalização foi um estouro, mas para quem? Ampliou o consumo de quais parcelas populacionais, quais classes? O meio ambiente permaneceu intacto com tanto lixo eletrônico produzido? Como ousar dizer que estamos todos conectados, se há no interior de estados brasileiros, pessoas sem acesso a celular e internet, água potável, comida e moradia?
Portanto, a atividade nos faz olhar com maior complexidade para os fatos - pois muitos confundem isso com ideologia - e não se resume a ideias e concepções políticas de como o mundo deveria ser, mas faz uma descrição de como ele é e quem são os atores responsáveis. Eis uma bela reflexão sobre um cenário caótico e sobre o qual repousamos nele diariamente.