A partir do que estudei no material disponível, da Semana 2, e do artigo que li, "Educação profissional e a reforma do Ensino Médio: lei nº 13.415/2017" (2018), dos autores Costa e Coutinho, pude perceber que, embora haja esforços para fazer com que o Ensino Médio contribua para a qualificação para o trabalho e a formação para a cidadania, ainda é preciso muito mais do que marcos legais educacionais para se ter um ensino, no nível médio, que, de fato, se comprometa com a formação crítica dos indivíduos em idade própria para o referido ensino. Isso porque, ainda que o Ensino Médio tenha sido reformulado, a partir da lei nº 13.415/2017, a separação entre indivíduos 'feitos para pensar' dos indivíduos 'feitos para trabalhar' ainda continua.
Dito de outra forma, a criação de itinerários formativos que tenham, por exemplo, o ensino técnico como possibilidade de garantia de uma profissionalização do estudante, sobretudo os pobres e negros, não afasta a possibilidade de haver uma discriminação negativa em que uns são destinados a gozar da intelectualidade, como se fossem 'cabeças da sociedade', e outros estão fadados a atividades manuais, como se fossem 'pés e braços da sociedade' – sobretudo os pobres e pretos.
A partir do ponto de vista crítica aqui levantado, pode o leitor ser levado ao engano de entender que sou contra a educação profissional e técnica, Longe disso! Advogo uma educação profissional e técnica que seja integrada ao Ensino Médio, em toda a rede pública de ensino, em vez de não ser apenas um 'puxadinho' seu. Isto é, não basta oferecer cursos profissionalizantes através de itinerários, sem que haja, antes, uma estrutura que acomode os melhores cursos, profissionais de ensino acadêmica e tecnicamente preparados, além de terem ‘notórios saberes’. Além disso, para que a lei nº 13.415/2017 tenha efeito prático positivo, é preciso que as instituições de ensino ofertem, de fato, uma gama de cursos, a fim de que os discentes possam escolher a formação técnica que melhor lhe apraz, sem que com isso se encerre em tal formação, dispensando uma formação universitária, por exemplo, visto que, ao se limitar em uma formação técnica e profissional, pode incorrer no risco de se tornar apenas ‘pés e mãos’ de uma sociedade que quer manter os pobres distantes dos saberes intelectuais – os quais são os mais cobiçados.
Por isso, assinto que, ao que parece, o problema não está na forma, em si, em que se propõe um itinerário formativo que tenha disponível a educação profissional e técnica, mas sim no conteúdo, isto é, faz-se mister que haja, de fato, o interesse de formar, de maneira integrada, os discentes, lhes oferecendo sabres técnicos e intelectuais, os quais possam ajuda-los no mundo (do trabalho) e na sua formação integral (social, psicológica, física, ética, estética e política). Dito de maneira mais clara, a ideia de integrar a educação profissional e técnica ao ensino médio por meio dos itinerários integrativos é muito boa e importante, porém, restam dúvidas acerca de sua implementação e manutenção desta modalidade, sobretudo no tocante à demanda de verbas por parte da União e Estados.