O currículo oculto é algo mais próximo do inconsciente, que não é um conteúdo didático planejado por professores e escolas, nem recebe orientações oficiais do poder público, mas que se manifesta nas instituições educacionais a partir de diversos elementos que vão desde a experiência maior ou menor de cada docente até a cultura escolar já construída numa instituição ao longo do tempo.
Há alguns anos eu venho tentado agir de forma mais planejada em relação a essa ideia de currículo oculto, no sentido de que as minhas práticas dentro do ambiente escolar também atinjam de forma positiva aos estudantes. Sempre fui um professor muito agitado, muito "acelerado". De uns tempos pra cá tenho tentado agir de forma mais calma, mais ponderada. Acredito que os efeitos são postitivos (tanto para minha saúde em geral quanto para o clima geral da sala de aula).
Os alunos são extremamente observadores e estão, a todo momento, de olhos nos professores. Há algum tempo um aluno comentou que tinha observado que eu lido com eles da mesma forma quando estamos sozinhos e quando estamos próximo a outros professores. Eu questionei que todos devem fazem isso, e os alunos prontamente negaram, afirmando: "alguns professores nossos nos tratam de uma maneira quando está na sala, mas quando tem algum outro professor próximo, nos trata completamente diferente". Desde então, venho tentando mobilizar essa ideia de curriculo oculto de forma mais consistente, ponderando melhor minhas ações, meus comportamentos e atitudes, ciente de que esse conjunto não-oficial de procedimentos também forma os estudantes.
De modo geral, me parece que tratar os estudantes de forma humanizada, como iguais e parceiros, com diálogo entre educador e educando, surte um grande efeito positivo no sentido de conquistar os alunos e engajá-los no processo de ensino-aprendizagem.