O capitalismo é um modo de produção global, baseado na produção de mercadorias que devem ser vendidas no mercado. De acordo com o seu desenvolvimento, mais e mais ele amplia o rol de mercadorias.

Durante as fases iniciais, por exemplo, a terra não era uma mercadoria, estando ainda submetida à lógica feudal, assim como o servo também não eram um trabalhador assalariado cuja exploração se desse por meios puramente econômicos.

Na fase atual, não há praticamente nenhum produto, objetivo ou subjetivo, do corpo ou do espírito, que ele não tenha tocado e corrompido, tudo o que existe deve servir aos propósitos de acumulação de capital, se a escola pública, diretamente, não significa extração de mais-valor, ela serve para produzir a mão de obra barata para a extração do lucro nas fábricas e outras empresas, incluindo escolas particulares, onde as aulas são mercadorias nas quais o capital se valoriza.

A escola, infelizmente, acaba servindo como espaço de reprodução das demandas ideológicas do capitalismo, especialmente se lembrarmos que o estímulo à competição é essencial para o funcionamento dessa sociedade, baseada na guerra de todos contra todos, e para superar tal condição, não há solução que não passe pela própria superação dessa sociedade, como Marx e Engels apontaram em "A Ideologia Alemã"

"Os comunistas não pregam nenhuma moral. Eles não confrontam as pessoas com esta exigência moral: amai-vos uns aos outros, não sejais egoístas etc.; ao contrário, eles estão bem cientes de que, sob determinadas condições, o egoísmo, tanto quanto a abnegação, é uma forma necessária da imposição aos indivíduos".

Quer dizer, ensinar aos alunos à serem solidários e não competitivos, é preparar ovelhas para uma selva cheia de leões, o mais importante e premente, na perspectiva revolucionária desses autores é transformar a sociedade, saindo do mundo da competição, para o da livre cooperação e solidariedade, só assim pode-se imaginar uma escola livre das amarras do capital na formação dos indivíduos.