Boa tarde, colegas!
Com a leitura dos artigos propostos para a leitura da semana é inferido que tratam-se de textos com posicionamentos opostos. o boletim "aprendizagem em foco" produzido pelo Instituto Unibanco defende uma política neoliberal na educação, assim apresenta experiências internacionais de modelos educacionais que priorizam a flexibilização como estratégia para tornar o ensino médio mais atrativo para os jovens. A flexibilização é proposta como tática para diminuir a evasão escolar, dessa forma a "diversificação" do ensino médio é vendido como uma política positiva. À vista disso, é negligenciada que a diminuição da carga horária de disciplinas das humanidades provoca uma defasagem na formação crítica e cidadã desses estudantes.
O texto 1 é estratégico ao utilizar-se como recurso imagens e uma linguagem clara e objetiva. Nesse sentido, é constatada a intenção de persuadir o leitor ao defender a reforma como o caminho para o desenvolvimento e sucesso estudantil e profissional. Para validar seu posicionamento neoliberal, reformas implementadas em outros países são colocadas como referência de êxito dessa política. Logo, é observado que não existe uma reflexão aprofundada sobre como esse tipo de política pode contribuir para a manutenção de desigualdades sociais.
O segundo artigo possui uma abordagem crítica sobre a reforma do Ensino Médio e a BNCC. Nele, é analisado como a política neoliberal fragiliza a educação e consiste em uma ameaça para o ensino público. Para legitimar seu argumento, as autoras entraram em contato com três entidades educacionais, são elas: a Associação Brasileira de Currículo (ABdC), a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd) e a Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (Anfope).
Com a flexibilização proposta pela reforma do novo Ensino Médio, uma das polêmicas suscitadas foi o ressurgimento da figura do profissional de notório saber. A posição da ANPEd sobre o assunto é que isso consiste em uma afronta aos esforços de pesquisadores e a produção acadêmica na área de formação de professores, visto que a implementação do profissão de notório saber significa o rompimento das lutas para a valorização docente. Os itinerários formativos é outro ponto criticado pela ANPEd. Essa associação considera essa forma de flexibilização curricular um esvaziamento da proposta de educação de qualidade. Para a Anfope, os itinerários formativos aprofundam a dualidade do Ensino Médio e o apartheid social dos jovens pobres.
Diante do que foi exposto, ambos os textos se comunicam por abordar um mesmo tema expressando diferentes posicionamentos políticos. Enquanto o primeiro procura legitimar políticas neoliberais que viabilizam a privatização da educação, o segundo apresenta uma crítica a esse modelo embasada em entidades de referência no âmbito educacional. Portanto, corroboro com o que aponta Ravitch (2017), o termo reforma foi apropriado pelos privatistas como forma de promover um discurso de supostas melhorias na educação, quando, no entanto, a reforma busca atender aos interesses da elite.