Como bom historiador vou começar problematizando essa reflexão como o próprio nome da "Novo", se existe um "novo" é porque antes existiu um velho, um velho ultrapassado que precisa, em tese, dar lugar ao novo, na história e na epistemologia essa dualidade entre o velho e o novo não é rara, por exemplo, um dos discursos para o golpe da República foi que a Monarquia era ultrapassada, velha na figura do seu líder maior, o Imperador. Outro exemplo , é o chamado Estado Novo, regime ditatorial por Getúlio Vargas que em tese acabaria com o que se presentava atrasado na República "Velha". Enfim, essa ideia de progresso e modernização é algo bastante comum na história do nosso país e esse debate também chega aos dias atuais.
Essa ideia iluminista de progresso que permeia essa concepção de "novo" ensino médio não é ingênua e muito menos heterogenia, os dois texto apresentados mostram as concepções e para quem serve o chamado novo ensino médio, creio eu que todos nós aqui fomos formados no "antigo ou velho" ensino médio e hoje nós estamos em uma pós-graduação por termos tido aulas com o velho ensino médio, todos nos tivemos disciplinas que não serviram para nossa carreira acadêmica, mas para nossa formação humana. Hoje sou doutorando em História, mas graças as aula de biologia sei cruzamentos genótipos, graças as aula de química sei que o água que eu bebo é formado por dois átomos de oxigênio e um de hidrogênio, entre outros conhecimento que mesmo não sendo utilizado para minha vida acadêmica, me ajudaram a ter um conhecimento para formação humana. Observe que se pegarmos a concepção do ensino nos três anos iniciais eles são chamados de ensino BÁSICO, é uma base não só para o indivíduo se tornar um profissional, mas um ser dotado de conhecimento básico para a vida. Cercear esse direito é inadmissível, além do mais quando vem de cima para baixo, sem diálogo com os que estão na ponta que são os alunos e professores. Hoje um professor do ensino médio na rede estadual da Paraíba tem que semestralmente bolar uma disciplina eletiva podendo ser de culinária, dança, música e etc. algo que ele nunca estudou para ser, ou também, professor da disciplina de projeto de vida onde o professor é quase um psicólogo para seus alunos.
Por volta de 2012 fiz meu ensino médio Instituto Federal da Paraíba, da mesma rede federal que estudamos agora no IFMG, meu ensino médio era curso técnico INTEGRADO ao ensino médio, eu estudava de forma integral: disciplinas do ensino médio e do ensino técnico com os professores da área técnica e os professores das disciplinas gerais e isso foi muito exitoso, uma vez que a escola dava suporte para isso. Por mais que eu não tenha seguido a área do meu curso, tenho amigos que continuaram e hoje são grandes profissionais e tenho outros assim como eu que não seguiram e se tornaram médicos, advogados e etc,
Sou crítico ferrenho ao chamado novo ensino médio, porque ele foi concebido por quem não está no chão da sala de aula, muito menos sentado numa cadeira de escola, mas por quem quer trabalhadores sem consciência crítica e que está atrás das grandes corporações.
