Nas instituições de ensino em que trabalhei, ao longos dos últimos 16 anos de atuação, o processo de inclusão de estudantes com necessidades especiais foi muito dificultoso. Isso, porque a configuração do espaço privado de ensino está muito conectado à ideia de produtividade para o capital em um imaginário que coloca pessoas com deficiência à margem por terem sido, em uma escala cruel de valores, entendidas como "menos capazes" de ser, de aprender, de ensinar, de trocar, de interagir com qualidade. É o capacitismo em si falando mais alto. Essa percepção era partilhada pelos próprios funcionários, pelas famílias dos outros estudantes e pelos próprios estudantes - cujos valores sócio-históricos dialogavam com percepções que serviam ao aprofundamento da estigmatização. Há poucos meses, ingressei na esfera pública, em uma instituição voltada à saúde da população em uma área complexa em termos de segurança pública no Rio de Janeiro. Lá, por sua vez, percebo que o olhar para inclusão é muito mais consciente e eu, enfim, me sinto melhor, porque vejo que a preocupação de compreender o universo como superdiverso é, de fato, um compromisso social ligado à democracia, à luta de classes, às interseccionalidades, entre outras questões. Por fim, gostaria de salientar que uma questão me chamou atenção no vídeo: a naturalização acerca da diversidade do mundo é construída desde cedo, com crianças, sem tabus, sem interrupções para questionamentos. Acredito que novos olhares para diversidade têm maiores chances de consolidação dessa forma, desde cedo e na interação cotidiana/escolar.