Olá, colega! Achei suas considerações extremamente pertinentes e bem colocadas. Concordo, em absoluto, que é fundamental existir uma sólida articulação entre a escola (professores) e a rede de apoio (profissionais da área da saúde e assistência social), bem como com a própria família do estudante. Esse diálogo é elemento-chave para o sucesso educacional. Mas, vale ressaltar que tal atuação comprometida com a excelência do processo de inclusão exige algumas coisas inegociáveis, dentre as quais destaco: uma qualificada, metodicamente rigorosa e humanizada formação docente; a existência, de fato, de redes de apoio bastantes acessíveis; e a disponibilidade de tempo para a concretude desse diálogo.
Em relação ao primeiro aspecto, o de uma rigorosa, mas também humanizada, formação docente, podemos recorrer às reflexões de Mantoan (2015, p. 82), que afirma que uma proposta de formação inclusiva "visa incentivar os professores a se encontrar regularmente com os colegas de escola, a fim de estudarem juntos e colaborarem com seus pares, trocando ideias, dirimindo dúvidas, buscando opiniões com outros especialistas internos e externos à escola. Enfim, descobrindo os caminhos pedagógicos da inclusão". Dessa forma, a superação do paradigma educacional excludente em prol de um paradigma inclusivo, que abrange e potencializa as diversidades, terá muito mais significado e legitimidade, pois estará consubstanciado nos problemas, perspectivas e possibilidades reais vivenciados na práxis docente.
O segundo aspecto, o da existência de redes de apoio acessíveis, envolve a implementação de políticas públicas mais eficientes, bem como um fluxo assertivo de investimentos e processos adequados de acompanhamento/monitoramento das políticas públicas. A escola não consegue dar conta de tudo sozinha. É preciso que haja articulação com as instituições sociais e a família; caso contrário, educadores se sentirão sobrecarregados e, em certa medida, responsáveis diretos pelos insucessos que surgirem (o que, via de regra, não é verdadeiro, pois há muitos condicionantes que implicam, para além da dimensão da unidade educacional, no maior ou menor êxito dos processos pedagógicos). Nesse sentido, deve haver um real compromisso de Estado para assegurar boas políticas públicas e, destarte, ótimas e acessíveis redes de apoio, em especial nas áreas da saúde e assistência social.
O terceiro aspecto, o da disponibilidade de tempo para a concretude do diálogo com as redes de apoio e as famílias, envolve uma ressignificação da própria função docente. Para esclarecer esse ponto, podemos citar Dermeval Saviani (2011, p. 225), que defende a tese: "Assegurar imediatamente condições ótimas de trabalho aos professores mediante a instituição da carreira do magistério que possibilite dedicação integral em uma única escola com no máximo 50% do tempo dedicado ao trabalho direto com os alunos em sala de aula". Acredito que a materialidade desta tese traria amplas contribuições para a escola pública que se pretende mais justa e inclusiva, com elevados níveis de qualidade acadêmica e social. Afinal, por mais incríveis que sejam as intenções e os planejamentos na esfera teórica, eles não poderão ser realizados efetivamente sem a existência de condições objetivas que assegurem sua execução prática no cotidiano educacional.
Referências
MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar - O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Summus, 2015.
SAVIANI, D. Educação e transformação social. In: SAVIANI, D. Educação em diálogo. Campinas, SP: Autores Associados, 2011, p. 217 - 229.