O clipe e a música “another brick in the wall” tratam sobre o contexto de uma educação acrítica, racionalizada e supostamente neutra, em que alcançar os objetivos tecnicistas é sempre o mais importante, assim como a perspectiva tradicional do currículo prega. A música critica a supressão da identidade dos alunos, que se transformam em mais um tijolo na parede, em pessoas sem rosto, sem vontade própria, mais uma engrenagem de um sistema que não para de girar, uma educação massificada que é subserviente a um sistema autoritário.
Ao ler a poesia de um aluno, o professor o pune e debocha, como se aquilo não tivesse nenhuma relevância, o ensino é tratado de uma forma verticalizada e autoritária, em que o professor é o detentor da verdade e a autoridade máxima incontestável, o diálogo e o afeto inexistem. Tudo é feito em prol de um sistema superior, que aprisiona os alunos e reprime suas vontades. Essa crítica pode ser aplicada às teorias tradicionais do currículo e ao sistema capitalista como um todo.
É interessante também a cena em que uma mulher reprime o professor no ambiente doméstico, provavelmente simbolizando a figura de uma mãe que vê o filho como uma posse sua, um incapaz que precisa cumprir com suas expectativas e vontades, há uma analogia da deturpação do processo natural da castração, em que o complexo de édipo seria um processo necessário para formação da personalidade, nesse sentido, o professor do clipe representa um homem reprimido internamente, cheio de neuroses e paranoias autoritárias e é justamente nesse contexto que tudo aquilo que a mulher faz com ele no ambiente doméstico, é extravasado e replicado na sala de aula, o professor pune seus alunos como se eles fossem sua posse, assim como pais superprotetores veem seus filhos, ou como maridos e esposas ciumentas veem seus conjuges, como um objeto sem identidade que precisa cumprir suas expectativas de segurança e conforto, sendo o objeto reprimido para não causar o medo da perca no repressor, seja um pai que domina um filho, ou uma esposa que domina o marido.
Já a introdução de Tempos Modernos e o filme como um todo também promovem uma crítica a um sistema massificante, criador de “rebanhos”, pessoas que não tem disponibilidade ou motivo para refletir e se posicionar no mundo de maneira autônoma, mas apenas para integrar um sistema, assim como uma engrenagem, realizando movimentos repetitivos, se acoplando a uma máquina, em um processo fabril que se estende por toda a sociedade em forma de dominação, controle do tempo dos trabalhadores e de sua vida como um todo, as teorias críticas do currículo contestam essa dominação capitalista que instrumentaliza o currículo e a escola em prol de seus objetivos, daí se tem a ideia de que a educação precisa ser emancipadora da liberdade e está sempre dentro de um contexto político, social e histórico, nunca neutro.