Até hoje não conheço pessoalmente pessoas com a Síndrome de Rett, diferentemente do autismo. Sou professor do Atendimento Educacional Especializado e tenho contato direto com crianças com autismo. Também tenho uma prima que tem uma filha de 3 anos com autismo. Falarei sobre esse caso, pois convivi com a Betina, filha da minha prima, desde bebê.
Por atuar na área da educação especial, comecei a perceber que o desenvolvimento da Betina não era apropriado para a sua idade. Percebia déficits na interação social, na comunicação e comportamentos repetitivos e estereotipados (olhar para luzes, rodar a hélice do ventilador, deitar com as pernas para cima com os brinquedos presos aos pés, sorrisos sem causa aparente e etc.).
E como dizer algo sem parecer alguém que está rotulando a filha da pessoa? Vivi esse dilema até que passassem a notar, também, que acontecia algo diferente com a Betina. Então me perguntaram e orientei que buscassem consultar com outros profissionais porque, de fato, tinha algo que precisava de uma maior atenção. Depois de alguns atendimentos com neuro, ela foi diagnosticada com autismo.
No caso das intervenções, defendo que devem começar o quanto antes e levar em consideração as várias dimensões do desenvolvimento humano: cognitivo, motor, social e etc. No âmbito pedagógico, considero que cada pessoa é única e as suas necessidades específicas vão balizar o trabalho a ser realizado. Entretanto, pontuo que, para dar certo, esse trabalho necessita do envolvimento da escola, da família e da articulação com as áreas da educação e da saúde, principalmente.